Erasmus para gente adulta
No fim do Verão o Brasil vem para Portugal e Portugal vai para o Brasil: são 10 meses de intercâmbio cultural e económico
Teatro, música, artes plásticas, literatura. A cultura brasileira vai chegar em força a Portugal – a partir de 7 de Setembro (dia da Independência do Brasil) começa o Ano do Brasil em Portugal que, até 10 de Junho (Dia de Portugal), tem como objectivo mostrar entre nós o que de melhor se faz na área da cultura no Brasil, numa festa que arranca com um concerto de Ney Matogrosso e Monobloco, no Terreiro do Paço, a 22 de Setembro.
Mas esta é uma iniciativa recíproca. Ao mesmo tempo que o Brasil mostra entre nós o que de melhor há no país, exactamente nas mesmas datas Portugal vai ao Brasil exibir a sua contemporaneidade, no âmbito do Ano de Portugal no Brasil. Para tal, vão atravessar o Atlântico diversos artistas portugueses. A programação ainda não está fechada mas Vasco Araújo, Rui Chafes, Mariza, Joana Vasconcelos e Fernando_Brízio são alguns dos nomes que já têm bilhete de ida (haverá, também uma grande exposição do trabalho de Maria Helena Vieira da Silva).
Se o Brasil concentrou os seus esforços numa intensa programação cultural, acreditando que é através das artes que os povos melhor se conhecem e aproximam, Portugal optou por se focar mais na área económica. A ideia, explicou o comissário-geral da iniciativa, Miguel Horta e Costa, aos jornalistas, é levar as pequenas e médias empresas portuguesas a este novo território, fomentando as exportações para o país irmão. Serão também focos de actuação portuguesa, a par da economia e da cultura, a ciência, a tecnologia e inovação e o desporto. Tudo isto financiado por empresas ligadas ao projecto.
Brasil em Portugal
Este ano representa então uma boa oportunidade para o público português conhecer o que se faz no Brasil, muito além das telenovelas da Globo e das canções fáceis e orelhudas de Michel Teló. Quem o disse foi o próprio António Grassi, comissário-geral do Ano do Brasil em Portugal.
«Precisamos levar para o outro lado do oceano o Brasil que não é só o das novelas (...). A importância do evento, principalmente no âmbito cultural, está no facto de que a troca de olhares na produção artística extrapola o palpável e colabora com sectores como o turismo. Queremos fazer uma programação que deixe um legado, revelando um Brasil desconhecido, a diversidade artística e cultural do nosso país». E acrescentou: «A cultura é uma arma poderosa para enfrentar épocas de crise».
Ao longo destes dez meses vamos poder assistir a 16 peças de teatro no palco do Teatro Nacional D. Maria II, com interpretações de actrizes como Marília Pêra, Bibi Ferreira e Bárbara Paz, dezenas de concertos de nomes como Martinho da Vila, Naná Vasconcelos, Zeca Baleiro, Zélia Duncan, Adriana Calcanhotto e Tulipa Ruiz, ver exposições retrospectivas de artistas como Hélio Oiticica, um dos mais importantes artistas plásticos brasileiros do século XX, ou dos contemporâneos Maurício Dias & Walter Riedweg. Um luxo em época de crise.
Noticia do Sol