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06
Nov13

Cinema - "Até amanhã Camaradas" um exemplo de luta

olhar para o mundo


"Até amanhã Camaradas" um exemplo de luta

Recordamos que em 2005, Joaquim Leitão realizou uma série televisiva, com estreia na SIC, com argumento de Luís Filipe Rocha e produção de Tino Navarro, partindo do romance "Até amanhã, camaradas", de Manuel Tiago, pseudónimo literário que Álvaro Cunhal só desvendou em 1994.

A obra gira em torno da vida do PCP  e dos seus funcionários e militantes nos anos 1950 e 1960, da clandestinidade, das lutas populares e da resistência ao regime fascista, tendo sido publicada em 1974 pelas Edições Avante e Manuel Tiago era, então, um autor desconhecido.

Joaquim Leitão diz que pegou nas filmagens da série mas deu-lhes uma montagem e organização diferentes, não introduzindo cenas novas o que foi o suficiente para estarmos perante um filme de excelente realização.

Gonçalo Waddington é Vaz, um funcionário do Partido que tem como missão organizar, numa determinada região, camponeses e operários na luta contra o fascismo e Salazar, ou seja a opressão e a fome.

É neste trabalho difícil, perigoso, cheio de armadilhas que se desenrola toda a trama do filme, mostrando de forma muito clara e evidente a vida na clandestinidade, as fugas precipitadas e bem ou mal sucedidas quando o esconderijo era descoberto, as rusgas violentas da PIDE.

Por outro lado Vaz mostra o funcionário firme, determinado, que segue as orientações do Comité Central, que as transmite, de forma imperativa sem dar margem a grandes discussões. 


Talvez porque na época o êxito da luta e da própria vida dependia dessa determinação. Diga-se em abono da verdade que Gonçalo Waddington transmite essa força e essa vontade de vencer.


Mas Manuel Tiago introduz no seu romance um personagem mais maleável, mais doce chamemos-lhe assim, mas igualmente determinado e forte, Ramos, uma interpretação de Paulo Pires.

Ramos é o momento do filme em que o amor, que também existia na clandestinidade, e quantos filhos há dessa clandestinidade, parece fazer um intervalo na luta dura que se desenrola todos os dias.

Mas este intervalo só sucede por momentos porque a luta desenvolve-se a greve consegue-se com uma vitória estrondosa seguida da repressão feroz de um governo que não sabe reconhecer que está errado.

E Joaquim Leitão dá-nos momentos de prisão e tortura que não olha a meios para atingir os fins. Desde os “rachados” que não conseguem resistir à dor e denunciam os camaradas até aos que morrem à força de pancada e pontapés.


Esses momentos de morte e dor são acompanhados por caras de gozo e prazer dos seus causadores dando assim uma imagem real e concreta de quem dirigia e governava o país, na época.

Mas depois de silenciados e presos alguns dos comunistas mentores da revolta e da afirmação de Liberdade, outros ficaram e o trabalho da reorganização do Partido na região começou, recomeçando o recrutamento, a criação de comités locais e o retomar de ligações. 

A mensagem de que vale a pana lutar pelos nosso ideais tornou-se intemporal e parece-nos que hoje continua a ser cada vez mais urgente.


E esta mensagem Joaquim Leitão deixa-a muito clara neste filme, dando relevo na parte final à determinação, força e capacidade de militância dos que sobreviveram, não esquecendo os camaradas mortos, mas lutando para que os vivos, não tenham o mesmo fim.

É curioso porque ao ver este filme ficamos com a sensação que a unidade e a fraternidade que une comunistas em tempos de crise, envolveram a equipa de "Até amanhã camaradas" revelando um excelente trabalho de grupo bem dirigido e coordenado por um mestre neste caso Joaquim Leitão

Com três horas de duração, o filme conta no elenco com mais de 130 actores, como Gonçalo Waddington, Leonor Seixas, Marco D´Almeida, Carla Chambel, Paulo Pires, Cândido Ferreira, Adriano Luz e São José Correia, além de alguns milhares de figurantes.

 

Joaquim Leitão é autor de filmes como "Duma vez por todas" (1986), "Uma vida normal" (1994), "Adão & Eva" (1995) “Tentação”(1997) e "A esperança está onde menos se espera" (2009), tendo terminado em Outubro a rodagem de "Sei lá", a partir do romance homónimo da escritora Margarida Rebelo Pinto.

Álvaro Cunhal nasceu a 10 de Novembro de 1913 e morreu a 13 de Junho de 2005.

 

"Até amanhã Camaradas" chega às salas de cinema a 07 de Novembro.


Retirado do HardMúsica

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