Teatro - Mário ou Eu Próprio o Outro
Assim, surge esta criação artística, de artistas, sobre artistas, através de artistas e para todos. O poeta e contista Mário de Sá-Carneiro, é o protagonista, José Régio, o autor. Ambos homens das letras. Amigos. Artistas.
Loucos. Como se a loucura pudesse ser sempre identificada. Ambos se confrontavam com dualidades, com alter-egos, com contrastes e cobiças projetadas em alguém deles próprios, mas camufladamente privados, íntimos.
No caso de Fernando Pessoa, amigo bastante próximo de Sá-Carneiro, podemos dizer que acontecia o mesmo, mas manifestado de forma diferente. Pessoa não só se recriava enquanto vários Outros, mas também dava a conhecê-los. Mário escondia o seu Outro de todos, porque o escondia de si, exorcizando-se dele apenas nos seus textos.
Esta projeção era construída através dos reflexos dos seus antagonismos, servindo-se dela para o fazer sentir rebaixado e vitimizado, uma forma de estar que cada vez mais começou a tomar conta deste artista, fruto da sua loucura, ou estranha razão, mas sempre e progressivamente com tendências depressivas, e, mais tarde, suicidas. Foi assim que encontrou a solução para que o outro o deixasse em paz, tomando uma forte dose de estricnina.
Régio, através das suas palavras, conta esse momento; cartas entre Mário e Pessoa ilustram esses pensamentos, e com estes ingredientes, nós criámos este espetáculo.
Esta peça vem propor um tecido cénico e performativo a este episódio, escrito por Régio e com textos das cartas de Fernando Pessoa, recriando uma relação entre dois personagens com génese apenas num.
Local Teatro Turim
Datas 16 a 19 de Junho
Horários quinta a Sábado – 21h30 / Domingo – 17h
Ficha Artística/Técnica:
Texto de José Régio
Cartas de Fernando Pessoa
Poemas de Mário de Sá Carneiro
Interpretação: Anouchka Freitas e Ricardo Barceló
Adaptação e Encenação: rogério paulo
Grafismo: roger
Produção Artística: Umbigo - Companhia de Teatro
Produção Executiva: Resto de Nada - Associação Cultural
Duração: 60 minutos