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As Coisas da Cultura

Porque há sempre muito para ver e para contar

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As Coisas da Cultura

08
Jun13

Como os galos perderam o pénis

olhar para o mundo

Como os galos perderam o pénis

Equipa descobriu que há uma morte celular programada durante o desenvolvimento embrionário.

O galo perdeu o seu pénis ao longo da evolução, assim como os machos de outras dez mil espécies de aves que têm pénis rudimentares ou não têm de todo. Agora, os cientistas conseguiram perceber o que se passa a nível do desenvolvimento embrionário do Gallus gallus: há uma morte celular programada que não permite que o seu pénis cresça. O artigo com a descoberta feita por uma equipa de investigadores do Instituto Médico Howard Hughes, em Maryland, nos Estados Unidos, foi publicado na revistaCurrent Biology desta semana.

 

Apenas os machos de 3% de todas as espécies de aves desenvolvem um pénis capaz de penetrar na cloaca das fêmeas das suas espécies. Nesse grupo de espécies estão o pato, o ganso ou o cisne. Nas outras, a reprodução dá-se através do contacto entre as cloacas dos machos e das fêmeas.

 

Martin Cohn e a sua equipa foram tentar perceber o que acontecia durante o desenvolvimento destas aves. Para isso compararam os embriões dos galos com os dos patos-bravos durante o seu desenvolvimento.

 

“A regulação e o balanço entre a proliferação das células e a morte celular é essencial para controlar o crescimento e o desenvolvimento”, explica o cientista em comunicado. “Demasiadas divisões celulares e pouca morte celular podem levar ao crescimento em excesso ou desregulado, como no caso do cancro. Se o balanço vai na direcção contrária e há uma deficiência celular ou excesso de morte celular, então isso pode resultar no subdesenvolvimento ou até na ausência de um órgão.”

 

Quando olharam para o desenvolvimento das duas aves, verificaram que no início, o desenvolvimento do pénis acontecia normalmente nos galos. Mas a partir de uma dada altura esse crescimento parava e o órgão tornava-se rudimentar.

 

A equipa descobriu que este fenómeno era causado por um gene que se activava na ponta do futuro pénis do embrião do galo, o que não acontecia no pato-bravo. O gene, chamado Bmp4, codifica para uma proteína que leva à morte celular não deixando o órgão crescer.

 

“A nossa descoberta mostra que a redução do pénis durante a evolução das aves ocorre pela activação de um mecanismo normal que resulta no programa de morte celular, mas que aqui aparece num local novo, a ponta do pénis emergente”, explica Martin Cohn. Os cientistas experimentaram ainda impedir a expressão deste gene naquela região do embrião do galo e verificaram que os pénis cresciam normalmente nos embriões mutados.

 

A equipa não sabe qual a razão para este fenómeno ter surgido durante a evolução. O pénis é talvez o órgão com mais variações e com as formas mais bizarras entre os animais do reino animal. O gene Bmp4 é muito usado na formação dos órgãos e estruturas durante o desenvolvimento embrionário, e poderá ter aparecido aqui por acaso, não se obtendo nenhuma função objectiva. Mas a equipa sugere um resultado benéfico a nível destas espécies de aves em que os machos não têm pénis: como a fecundação se dá sem penetração, as fêmeas acabam por ter um maior controlo na escolha dos seus parceiros.

 

retirado do Público

12
Mar13

Terra abre os olhos para procurar a origem do Universo com ALMA

olhar para o mundo

Terra abre os olhos para procurar a origem do Universo com ALMA

É o maior radiotelescópio do planeta. É inaugurado nesta quarta-feira, no deserto de Atacama, no Chile, e vai permitir observações inéditas de galáxias, estrelas, poeira e da origem da vida. Vem aí uma revolução.

 

É um supertelescópio, na verdade são 66 telescópios (antenas) a funcionar em conjunto e apontados para o céu, num deserto do Chile. O Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) é literalmente uma infra-estrutura astronómica internacional que resulta de uma parceria entre a Europa, através do Observatório Europeu do SUL (ESO), a América do Norte e o Leste Asiático, em cooperação com a República do Chile, e que envolve um investimento de mil milhões de euros. Muito dinheiro para ver melhor e mais longe o nosso Universo. Como nunca se viu antes.

 

“É o telescópio das origens”, resume José Afonso, director do Centro de Astronomia e Astrofísica da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (CAAUL) e que acompanhou o processo de crescimento do ALMA como membro do Comité Europeu de Aconselhamento Científico.

 

No vídeo divulgado no site do CAAUL, o investigador explica por que estamos perante o instrumento que nos dará respostas sobre as origens: “Vai permitir observar em detalhe a origem das galáxias, das estrelas e a origem da própria vida.” Entre outras proezas que se adivinham, o ALMA promete, pela primeira vez, um conhecimento pormenorizado da química das nuvens interestelares, onde se acredita que se formem muitos dos compostos essenciais à vida.

 

O instrumento é especial porque possibilita observações que nunca foi possível fazer até agora em comprimento de onda do chamado milímetro e submilímetro. Nesta quarta-feira, data da inauguração oficial, estarão a funcionar 57 do total das 66 antenas que estão previstas (e que serão instaladas até ao final deste ano).

 

A localização do ALMA também é especial. Esta estranha e astronómica plantação de gigantescas antenas está idealmente situada a cinco mil metros de altitude no deserto de Atacama, no Chile, uma das regiões mais secas do planeta. Mas mais do que existe hoje é o que está para vir. “Espera-se que o ALMA revolucione o conhecimento da astronomia. Para muitas da perguntas que existem hoje, o ALMA será o primeiro a dar respostas”, defende José Afonso, que arrisca afirmar que estamos prestes a entrar numa nova era “pós-ALMA” marcada por um conhecimento mais aprofundado e completo do Universo.

 

“É um projecto de observação astronómica sem par até agora”, anuncia João Fernandes, astrónomo na Universidade de Coimbra, lançando as expectativas: “Espera-se com este sistema de radiotelescópios ficar a conhecer muito mais; por exemplo, como se formam as estrelas e os sistemas planetários. E, quem sabe, por comparação conhecer melhor como se formou o nosso Sistema Solar.”

 

“O ALMA é um projecto de 66 radiotelescópios que, como a palavra diz, faz observações da radiação entre o infravermelho e as ondas de rádio. É destinado por isso à observação de objectos frios no Universo. Os objectos que podem ser estudados com o ALMA são variados, tal como estrelas, sistemas planetários, galáxias e a até a radiação cósmica de fundo; ou seja, o eco do Big-Bang. Como termo de comparação, posso adiantar que a sensibilidade das observações do ALMA é várias vezes superior à do telescópio espacial Hubble”, explica João Fernandes ao PÚBLICO.

 

Mercedes Filho, investigadora do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto, lembra ainda que “a motivação para a construção do telescópio ALMA foi estudar alguns fenómenos astronómicos que até então tinham sido pouco estudados devido à limitação da instrumentação”. A partir de agora, “o ALMA vai permitir estudar os chamados fenómenos frios ou menos energéticos do Universo, com um detalhe sem precedentes”, avisa.

 

A inauguração do maior radiotelescópio do mundo - em que estará presente o ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato - pode ser seguida no sitehttp://www.almaobservatory.org/ em directo, a partir das instalações do Centro de Apoio às Operações do observatório, situado a uma altitude de 2900 metros nos Andes chilenos. A transmissão acontece entre as 14h30 e as 16h (hora de Portugal continental).

 

Retirado do Público

28
Jan13

Cientistas confessam no Twitter os seus métodos pouco científicos

olhar para o mundo
Cientistas confessam no Twitter os seus métodos pouco científicos

 

Confissões vindas de laboratórios de todo o mundo não param de chegar ao Twitter. Usando a "hashtag" #OverlyHonestMethods, cientistas revelam com humor como as experiências são feitas

 

Tudo o que os cientistas fazem no laboratório é meticulosamente planeado. Certo? Não necessariamente. Os investigadores tomam muitas vezes decisões influenciadas por factores ou contextos que pouco (ou nada) têm de rigoroso. Esse facto não vem descrito nos artigos científicos, mas está cada vez mais óbvio nas curtas mensagens ("tweets") que os próprios cientistas têm publicado no Twitter. As confissões bem humoradas não param de vir à tona e o comportamento já se tornou viral na rede social.

 

Esta vaga de confissões começou no dia 7 de Janeiro de 2013, quando o neurocientista @dr_leighescreveu no Twitter: "A incubação durou três dias porque esse foi o tempo em que a experiência ficou esquecida no frigorífico pelo estudante". A mensagem de Leigh era acompanhada pela "hashtag"#OverlyHonestMethods, uma etiqueta que rapidamente começou a ser utilizada por cientistas dos quatro cantos do mundo. As "hashtags" servem para classificar e pesquisar conteúdos no Twitter.

 

Muitas das confissões revelam cientistas que se distraem ou esquecem das coisas de vez em quando — como o resto da humanidade, aliás. A cientista Karen James (@kejames no Twitter), por exemplo,confessa que a incubação foi feita a 20 graus simplesmente porque, no dia da experiência, havia Donuts na sala de convívio — e, enquanto estavam entretidos com os doces, a experiência foi esquecida fora do frigorífico. Uma selecção de outros "tweets" sobre metodologias demasiado honestas por ser vistaaqui ou aqui.

 

Humor ou realidade?

Há ainda "tweets" que remetem para a imagem de investigadores que levam uma vida de excessos: trabalham demais, bebem demasiado café e ganham mal demais para pagar a subscrição de publicações científicas. Um "tweet" de @devillesylvain confessa isso mesmo: "Nós não lemos metade dos artigos que citamos porque eles são pagos". Para contornar o problema, lê-se apenas o resumo do artigo, cita-se e acabou. Este é o tipo de coisa que muitos investigadores nunca sonhariam mencionar na metodologia dos seus trabalhos mas que, agora, é dita livremente no Twitter em nome do bom humor.

 

Uma parte significativa dos "tweets" com a etiqueta#OverlyHonestMethods não passa de brincadeira mas, para Mark Lorch, cientista e "blogger", há um fundo de verdade no manancial de desabafos que inundam a "twittosfera" científica. Essas confissões não vêm denegrir a prática científica, muito pelo contrário. Na opinião de Lorch, trata-se de um caso interessantíssimo de comunicação de ciência, uma oportunidade de mostrar como as experiências são realmente feitas: por humanos e para humanos.

 

Retirado do P3

16
Jan13

Peixe-zebra, VIH e bactéria que dá energia valem prémios a três mulheres

olhar para o mundo

Peixe-zebra, VIH e bactéria que dá energia valem prémios a três mulheres

Ana Ribeiro, Leonor Morgado e Ana Abecasis (da esquerda para a direita) DR

 

Investigadoras ganharam as Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência. Os 20 mil euros do prémio vão para trabalhos que podem ter influência na medicina e nas energias renováveis.

 

Há uma diferença na capacidade regenerativa entre os peixes-zebras, estudados por muitos cientistas, e mamíferos como nós. Se ocorrer uma lesão na coluna, os peixes-zebra ficam aleijados e não conseguem logo nadar, mas passado um mês regeneram-se e voltam a movimentar-se. Um acidente parecido numa pessoa resulta numa paralisia definitiva. Ana Ribeiro está a estudar as características desta regeneração nos peixes, o que pode dar pistas para tratamentos futuros no homem.

 

Por este projecto, a investigadora de 32 anos recebe nesta quarta-feira uma das três Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência, entregues às 17h30 de hoje no Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa. Ao seu lado estará Ana Abecasis, que vai avaliar as mutações do vírus da sida que resistem aos fármacos. Esta cientista de 33 anos quer definir terapias mais apropriadas consoante os vírus em cada pessoa. Leonor Morgado, a terceira vencedora da nona edição do prémio, tem estudado proteínas importantes de uma bactéria que dá electricidade e agora vai tentar alterar a sua maquinaria celular para melhorar o rendimento.

 

Cada investigadora receberá 20 mil euros. O prémio é uma parceria entre a L’Oréal Portugal, a Comissão Nacional da UNESCO e a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) e pretende incentivar jovens investigadoras a realizarem projectos na área da saúde e do ambiente. O júri, presidido por Alexandre Quintanilha, escolheu entre 70 candidaturas.

 

Ana Ribeiro está interessada na forma como funcionam as células estaminais adultas, capazes de se diferenciarem noutras. Em laboratório, aquelas células dos mamíferos conseguem dar origem a várias células do tecido nervoso, como neurónios, astrócitos e oligodendrócitos.

 

Mas quando há uma lesão na espinal medula origina uma paralisia, as células estaminais adultas dos mamíferos só se diferenciam em astrócitos. “Já as do peixe-zebra conseguem gerar todas as outras. A nossa ideia é caracterizar o processo que acontece na medula do peixe”, explica Ana Ribeiro, do Instituto de Medicina Molecular, em Lisboa.

 

Para isso, vai criar peixes transgénicos, onde se pode detectar a diferenciação das células estaminais adultas nos vários tipos de células nervosas. Assim, poderá compreender os mecanismos ocorridos no peixe, mas não nos mamíferos. “O prémio reconhece o potencial do projecto e ajuda à sua manutenção.”

 

Já para Leonor Morgado, da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, a medalha representa “o reconhecimento do trabalho” que tem feito. No doutoramento, já tinha estudado proteínas da respiração celular da Geobacter sulfurreducens, uma bactéria que vive em sedimentos onde não há oxigénio. Nesse processo, esta bactéria lança para o exterior electrões, que podem ligar-se a materiais perigosos — e assim ajudar a removê-los do ambiente — ou podem ser usados para gerar corrente eléctrica.

 

“No laboratório, [esta bactéria] consegue pôr calculadoras a funcionar”, conta Leonor Morgado. A ideia do projecto é alterar o funcionamento das proteínas envolvidas na respiração celular para optimizar a corrente eléctrica. “Submeti este projecto à FCT e não foi aprovado. Se não fosse o prémio, não poderia avançar com ele.”

 

Também Ana Abecasis, do Instituto de Higiene e Medicina Tropical, em Lisboa, se candidatou sem sucesso a fundos da FCT para estudar as mutações do vírus da sida. “O prémio dá uma enorme ajuda. Estou muito contente.” Agora vai poder comprar servidores para gerir muitos dados e que permitam identificar mutações importantes.

 

O VIH tem um material genético que tolera muitas mutações, que permitem ao vírus resistir aos fármacos antirretrovirais. Mas quando o vírus é transmitido a um novo hospedeiro que não está em tratamento, uma parte das mutações reverte e não se mantém nos hospedeiros. Mas outra parte fixa-se.

 

Um estudo de 2007 em Portugal concluiu que 8% dos novos infectados têm estirpes resistentes aos antirretrovirais. Ana Abecasis analisará as mutações do VIH em pessoas infectadas para identificar as que se mantiveram. Os resultados possibilitarão escolher os melhores fármacos para evitar essas resistências.

 

Noticia do Público

18
Dez12

Nanopartícula contra cancro da mama criada em Coimbra tem patente nos EUA

olhar para o mundo

Nanopartícula contra cancro da mama criada em Coimbra tem patente nos EUA

 

A nova partícula destina-se ao combate do cancro da mama, mas a equipa pensa poder aplicá-la a outros tipos de cancro ENRIC VIVES-RUBIO


A patente para uma nanopartícula de nova geração destinada ao tratamento do cancro da mama, desenvolvida por investigadores portugueses, foi concedida nos Estados Unidos, anunciou esta segunda-feira a Universidade de Coimbra.

 

Criada por especialistas do Centro de Neurociências e Biologia Celular e da Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra, a nova nanopartícula teve ainda no seu desenvolvimento a colaboração do Instituto Português de Oncologia de Coimbra, da Faculdade de Farmácia de Lisboa e da Faculdade de Medicina do Porto e dispõe de um apoio de meio milhão de euros, concedidos no âmbito do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN).

 

A nanopartícula “previne os efeitos secundários associados à quimioterapia” e, simultaneamente, “aumenta a eficácia terapêutica” do tratamento, sublinhou à agência Lusa João Nuno Moreira, investigador envolvido no projecto. Além de “matar as células cancerosas”, a nanopartícula para o tratamento do cancro da mama também aniquila “os vasos sanguíneos que alimentam o tumor, evitando reincidências”.

 

A nanopartícula é revestida por um polímero que a torna invisível ao sistema de defesa do organismo e, na extremidade desse polímero, possui uma espécie de “chave” que permite abrir apenas as “portas” das células cancerosas e das células que revestem os vasos sanguíneos tumorais, explicou João Nuno Moreira.

 

Ao entrar no interior dessas células, o que acontece? “A nanopartícula liberta o conteúdo como se fosse uma granada – disponibilizando uma grande quantidade de fármaco num curto período de tempo – e que, além de matar as células cancerosas, destrói também os vasos sanguíneos do tumor”, salientou ainda o investigador.

 

Os testes já realizados em animais com cancro da mama humano demonstram que a nanopartícula cumpriu a sua missão: “Percorreu todo o organismo até atingir o tumor e matou as células responsáveis sem provocar toxicidade nos restantes órgãos.”

 

João Nuno Moreira, outro dos investigadores responsáveis pelo projecto, pensa ser possível iniciar os testes clínicos do novo produto dentro de três anos e o medicamento chegar ao mercado quatro anos depois.

 

Perspectivando o alargamento desta biotecnologia a outros tipos de cancro e a sua colocação no mercado, os investigadores criaram uma spin-off – a Treat U, incubada no Biocant - Centro de Inovação em Biotecnologia, em Cantanhede.

 

Noticia do Público

21
Nov12

Cães paralisados recuperam controlo das patas traseiras após transplante de células olfactivas

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Os Dachshund têm uma propensão a sofrer lesões graves da coluna vertebralOs Dachshund têm uma propensão a sofrer lesões graves da coluna vertebral (Igor Bredikhin/Wikimedia Commons)

O Jasper é um “cão-salsicha” (Dachshund) que perdeu o uso das suas patas posteriores há quatro anos. Agora, a seguir a um tratamento a que foi submetido por Robin Franklin, da Universidade de Cambridge, e colegas, Jasper está “sempre a correr pela casa fora”, diz a sua dona, citada no site doHuffington Post United Kingdom.

Os resultados da equipa britânica, que dizem respeito a Jasper e mais 33 cães de estimação que ficaram paralisados na sequência de atropelamentos ou de problemas de costas, foram publicados na revista Brain e constituem a primeira demonstração de que é possível reparar lesões da medula espinal em casos “da vida real”, salientam os cientistas. A maior parte dos cães era raça Dachshund (ou Teckel), que tem propensão a sofrer de problemas da coluna vertebral que se revelam altamente incapacitantes.

O que os cientistas fizeram foi colher certas células da própria mucosa nasal dos cães para realizar um autotransplante – em inglês, são chamadas olfactive ensheathing cells, ou OEC. As OEC não são neurónios, mas células gliais, ou seja, células nervosas que têm em particular como função a sustentação dos tecidos nervosos.

Essas células foram cultivadas no laboratório antes de serem injectadas, no local da lesão, em cerca de dois terços dos animais, enquanto os outros recebiam apenas uma injecção de um líquido neutro.

Como o sistema olfactivo é a única parte do organismo dos mamíferos onde as fibras nervosas continuam a crescer ao longo de toda a vida – e como as OEC são justamente as células nervosas que promovem esse crescimento –, os especialistas suspeitavam há anos, com base em estudos anteriores, de que um transplante destas células ao nível de uma lesão espinal poderia permitir a reconstituir as ligações nervosas que tinham sido seccionadas por um traumatismo. Sabia-se também que um tal procedimento não apresentava riscos para o ser humano, mas a sua eficácia nunca fora testada – e ainda menos comprovada.

Foi isso que agora parece ter finalmente acontecido – no cão. “Os nossos resultados são extremamente excitantes porque mostram, pela primeira vez, que o transplante deste tipo de células para dentro de uma lesão grave da espinal medula pode acarretar uma melhoria significativa”, diz Franklin, citado pela imprensa britânica. E, de facto, isso aconteceu aos cães que tinham recebido as suas próprias células olfactivas, mas não aos que tinham apenas sido tratados com o líquido.

Os animais foram testados, de mês a mês, do ponto de vista da sua função neurológica e do seu desempenho numa passadeira. E os cientistas puderam observar que os animais tratados com as células nasais conseguiam mexer as patas até aí paralisadas, coordenando o movimento de conjunto graças às patas dianteiras. Porém, também constataram que, ao contrário do que acontece naturalmente no nariz, onde a regeneração nervosa promovida pelas OEC consegue manter a comunicação entre o sistema olfactivo e o cérebro (condiçãosine qua non para a preservação do sentido do olfato), ao nível da espinal medula as ligações nervosas regeneradas eram de curto alcance.

Daí que os cientistas permaneçam muito prudentes quanto à eventual aplicação da técnica aos seres humanos. “Pensamos que a técnica poderia restaurar o movimento pelo menos de forma limitada em doentes humanos com lesões da espinal medula”, acrescenta Franklin, “mas estamos muito longe de poder dizer que esses doentes poderiam vir a recuperar todas as funções perdidas.” Acontece que, juntamente com a perda de mobilidade, estas lesões acarretam também perda da função sexual e do controlo dos esfíncteres. Ora, na actual experiência, embora alguns cães tenham recuperado o controlo da bexiga e dos intestinos, o seu número não foi significativo.Isso não impede Geoffrey Raisman, do University College de Londres e descobridor das OEC, de afirmar que se trata “do mais alentador avanço em anos”. 

 

Noticia do Público

11
Set12

PORTUGUÊS CRIA GEL «REVOLUCIONÁRIO» PARA TRATAR FERIDAS CRÓNICAS

olhar para o mundo

PORTUGUÊS CRIA GEL «REVOLUCIONÁRIO» PARA TRATAR FERIDAS CRÓNICAS

Um investigador português criou um gel «inovador» com células estaminais para o tratamento de feridas crónicas, mas para a aplicação desta terapêutica é preciso encontrar células criopreservadas compatíveis com o doente e que possam ser doadas.

A empresa Crioestaminal, que financiou em cerca de 300 mil euros a investigação, apresentou publicamente, nesta segunda-feira, o que apelida como um ¿«gel revolucionário com células estaminais do cordão umbilical para o tratamento de feridas crónicas».

Segundo o cientista Lino Ferreira, o gel deverá ser especialmente aplicado em pessoas diabéticas com úlceras nos pés que já não cicatrizam.

Produto desenvolvido com células estaminais do cordão umbilical destina-se a doentes diabéticos com úlceras nos pés que já não cicatrizam«É um gel que contem células estaminais do sangue do cordão umbilical e células derivadas destas células estaminais [endoteliais]» que é aplicado na ferida.

No entanto, o investigador admite que este gel não promove o tratamento, ou cicatrização completa das feridas, apenas «ajuda a cicatrizar».

A fabricação do gel, quando estiver comercializado, também obedece a regras, a principal das quais é a compatibilidade entre o dador e o doente.

Lino Ferreira explicou que primeiro é preciso encontrar um dador compatível com o doente específico e que, só então, é fabricado o gel com aquelas células, para aquele doente em particular.

A compatibilidade não parece ser problema, já que nestes casos não é preciso haver «compatibilidade completa», disse o investigador, especificando que «não serão necessárias muitas amostras, nem um leque muito grande de dadores para encontrar essa correspondência».

Para procurar células estaminais do cordão umbilical compatíveis, à partida, terá de ser com recurso a células criopreservadas.

No entanto, as células criopreservadas em bancos privados de células estaminais, como é o caso da Crioestaminal, são apenas para uso do próprio dador ou da família, pelo que um diabético não poderá contar com nenhuma das centenas de células criopreservadas nestes bancos.

Questionado sobre isto, o investigador não especificou qual seria a fonte deste material genético, limitando-se a responder que a procura «seria do ponto de vista alargado, junto de banco público ou privado».

O investigador diz que antes de dez anos não será possível ter o gel comercializado e não se compromete com datas para início dos ensaios clínicos com pessoas, adiantando apenas que está à procura de um parceiro que financie os ensaios, com um custo inicial estimado em um milhão de euros.

André Gomes, fundador e administrador da Crioestaminal, avança contudo que os ensaios serão lançados até ao final do ano, para estarem já a ser feitos a partir do próximo ano, com um grupo de 20 a 30 pacientes, por um período de dois a três anos.

Quanto ao financiamento, André Gomes garantiu que a Crioestaminal será o principal financiador do projeto e que está agora em negociações para arranjar um parceiro. 


Noticia do Push

01
Set12

Descoberto um peixe que tem o pénis na cabeça

olhar para o mundo

Descoberto um peixe que tem pénis na cabeça

 

Durante uma saída de campo ao delta de Mekong, no Vietname, um grupo de cientistas reparou num pequeno peixe a nadar à superfície da água numa zona de pouca corrente. Viram que tinha uma mancha branca e brilhante na cabeça e por isso decidiram apanhá-lo. Já no laboratório, perceberam que tinham em mãos um peixe estranho: o pénis era na cabeça, por baixo da garganta.

 

Agora revelaram imagens que mostram um peixe com cerca de 2,5 centímetros de comprimento, alongado e translúcido. Apesar de não ser único, é curioso devido à localização do órgão sexual. "Este peixe é a 22.ª espécie de uma família em que todos os machos têm o pénis na cabeça", explicou ao PÚBLICO Koichi Shibukawa (da Fundação Nagao para o Ambiente Natural), um dos autores do artigo na revista Zootaxa, que em Julho revelou este peixe ao mundo. Chamaram-lhe Phallostethus cuulong, o que remete para o local onde foi encontrado: Cuu Long é o nome vietnamita para o delta de Mekong. 

O priápio, nome dado ao órgão copulatório em homenagem a Príapo, o deus grego da fertilidade, parece um canivete suíço pela quantidade de funções que desempenha. Além do orifício genital, tem uma bolsa semelhante aos testículos, o ânus e ainda umas "serras" que servem para prender a fêmea durante o acto sexual.

Ainda não foi possível observar o acasalamento destes peixes, mas os cientistas pensam que adoptam uma posição de cópula invulgar: ambos juntam as cabeças, porque o órgão genital feminino também fica aí.

Ao contrário do que é comum nos peixes, em que é a fêmea liberta os ovos e espera que sejam fecundados pelos espermatozóides também largados, a fecundação no Phallostethus cuulong é interna, para garantir que não se desperdiça esperma.

Foi em 2009 que os cientistas viram pela primeira vez um peixe destes e, desde essa altura, já apanharam nove exemplares, que só este ano foram descritos. 

 

Noticia do Público

15
Jul12

PLUTÃO, O PLANETA DESPROMOVIDO, CONTINUA A SURPREENDER CIENTISTAS

olhar para o mundo

PLUTÃO, O PLANETA DESPROMOVIDO, CONTINUA A SURPREENDER CIENTISTAS

Plutão perdeu o estatuto de planeta para ganhar a designação alternativa de planeta anão, mas continua a surpreender os cientistas. Agora foi descoberta a quinta lua daquele que era considerado até 2006 o nono planeta do Sistema Solar.

A nova lua foi descoberta pelo Telescópio Hubble e estima-se que tenha um diâmetro de 10 a 25 quilómetros, com uma forma irregular. Foi detetada em nove imagens diferentes e para já recebeu a designação de P5. A primeira lua de Plutão, Caronte, tinha sido descoberta em 1978. As outras foram já identificadas nos anos 2000 pelo Hubble. 

Alan Stern, do Southwest Research Institute de Boulder, no Colorado, fez o anúncio no Twitter e disse acreditar que em breve vão ser descobertas ainda mais. «Cada vez que olhamos melhor encontramos mais uma», diz Stern, responsável pela missão da New Horizons, a nave não tripulada da Nasa que está nesta altura a caminho de Plutão e deve passar pelo planeta anão em 2015.

Telescópio Hubble descobriu-lhe uma quinta lua. E deve ter ainda maisA BBC cita Mark Showalter, do Instituto Seti de Mountain View, nos Estados Unidos, que observou primeiro a imagem da nova lua, a procurar uma explicação para o facto de um astro tão pequeno como Plutão ter um conjunto tão complexo de satélites. É uma espécie de Matrioska, diz: «As luas formam uma série de órbitas em ninho, um pouco como as bonecas russas.»

Plutão foi descoberto em 1930 e perdeu oficialmente o estatuto de planeta quando foi elaborada uma nova classificação formal cujos critérios o deixavam de fora e passaram a considerá-lo um de vários grandes corpos rochosos e gelados do sistema solar.

 

Noticia do Push

05
Jul12

Descoberta nova partícula que pode ser o bosão de Higgs

olhar para o mundo
Um gráfico que mostra as colisões de partículas no Compact Muon Solenoid
Um gráfico que mostra as colisões de partículas no Compact Muon Solenoid (CERN/AFP)
O CERN anunciou esta quarta-feira de manhã em Genebra a descoberta de uma partícula totalmente nova que pode ser o bosão de Higgs, entidade subatómica cuja procura dura há quase 50 anos.
A nova partícula apresenta, em primeira análise, características de massa e comportamento previstas para o bosão de Higgs pelo chamado Modelo-Padrão, a "tabela periódica " da física das partículas. 

A massa da nova partícula "é de 125,3 GeV (mais ou menos 0,6 GeV)", ou seja de cerca de 125 vezes a massa do protão, disse Joe Incandela, responsável máximo pela experiência CMS, uma das duas que no LHC procuram o bosão de Higgs.

Quanto à fiabilidade do sinal produzido no detector CMS pela partícula , "é de 4,9 sigma", quase atingindo, portanto, a meta dos "5 sigma", que os cientistas consideram ser o nível de fiabilidade desejado para afirmar a existência da nova partícula. 

Com um sinal de 5 sigma, a probabilidade de as observações serem o fruto do acaso e não corresponderem à produção de uma partícula é de apenas 0,00005733%, o que equivale a dizer que há uma hipótese em 1.744.278 de os cientistas estarem enganados ao afirmar que estão de facto a observar uma partícula nova.

Para Incandela, não existem contudo dúvidas de que a experiência CMS detectou uma partícula que pode ser o bosão de Higgs. "É realmente uma nova partícula. Sabemos que tem de ser um bosão e que é o bosão mais pesado alguma vez encontrado", diz ainda Incandela, citado num comunicado. "As implicações disto são muito importantes e é precisamente por esta razão que temos de ser extremamente diligentes em todos os nossos estudos e verificações", acrescentou. 

"A descoberta de uma partícula consistente com o Higgs abre a porta a estudos mais detalhados e requer grandes análises estatísticas, que permitirão afinar as propriedades da nova partícula e ajudarão provavelmente a esclarecer outros mistérios do nosso Universo", sublinhou o director-geral do CERN, Rolf Heuer, no comunicado. 

Pelo lado da segunda experiência, a ATLAS, a responsável Fabiola Gianotti apresentou resultados independentes compatíveis que os da CMS. A massa da nova partícula, concluiu, é de 126,5 GeV com uma fiabilidade de 5 sigma. 

O físico britânico Peter Higgs, que propôs em 1964 a existência do bosão que veio a ficar conhecido pelo seu nome, já reagiu a este anúncio: “Nunca esperei que isto acontecesse durante a minha vida e vou pedir à minha família para pôr o champanhe no frigorífico”, disse Higgs sobre o Higgs, citado pelo jornal The Guardian. "Estou espantado com a rapidez fantástica com que surgiram estes resultados", acrescentou o físico britânico, referindo-se ao acelerador de partículas LHC, que fez as suas primeiras colisões em 2010. 

Peter Higgs está a assistir ao anúncio da descoberta no CERN, acompanhado pelos físicos Francois Englert, Carl Hagen e Gerald Guralnik, que também propuseram a existência de um bosão como o Higgs.

 
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